"Eu não procuro, acho". Rafael Andrés Villari nos introduz no seu livro com estas duas palavras de Picasso; e justamente dessas duas palavras se trata: de procuras e de achados ... em primeira pessoa. Estas buscas e encontros se contrapõem e se relançam uns sobre os outros, resultando em uma investigação tão rigorosa que, além do fim da última página, o leitor, com certeza, herdará do autor as perguntas e métodos para seguir confrontando-os. As perguntas, entre outras, são: a "condição melancólica" é episódica ou permanente? Trata-se de uma situação estrutural que fica formalizada, ou não, além da psicopatologia freudiana? Suportam-se as concepções que atribuem à melancolia uma sabedoria especial? É possível à Psicanálise oferecer um tratamento àqueles que chegam a ela levados pelo discurso melancólico? A partir destes questionamentos o autor nos faz percorrer - de forma generosa, na medida em que põe a nosso alcance o que deve ter constituído um árduo trabalho de buscas e encontros e, além disto, de uma forma amena - as opiniões e hipóteses que a "condição melancólica", desde sempre, coloca aos homens que se deixaram interrogar por ela. Em determinado momento, em um ponto do livro e sem poder evitá-lo, o autor dá lugar ao psicanalista ao ler, em uma insistência, um encontro: vinte e três vezes a palavra melancolia insistindo em um texto. Um texto onde encontra que a produção alegórica é algo daquilo que o melancólico sabe, algo ao que um melancólico o aproxima, ao mesmo tempo que o distancia daqueles que, subsidiários da metáfora, não terão outro caminho que escutá-lo ou - como nos convida Rafael Andrés Villari ao longo do livro - a lê-lo. E é assim, desta forma, que deixa colocada a via para um tratamento possível. (Ricardo Diaz Romero)
Peso: | 240 g. |
Páginas: | 160 |
ISBN: | 853280232 |
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