A vigília da escrita é um lúcido exercício crítico, produto de um trabalho que capta as ressonâncias de um certo corpus filosófico na obra ficcional do uruguaio Juan Carlos Onetti, um dos maiores escritores de língua espanhola do século XX, e o que elas avançam em consonância com teorias que ocupam lugar essencial no pensamento contemporâneo. Porém, o trabalho de Liliana Reales não se reduz a uma exposição de motivos que desmitologiza a ideia, muitas vezes difundida, de uma literatura onettiana espontânea e de um realismo cruel e niilista. Seu livro se dá a ler também como uma autoexposição do gesto crítico que desconfia da missão e de certos valores herdados, colaborando para uma remoção da crítica por meio de um questionamento epistemológico acerca do que seja literatura, leitura e escrita. Esse gesto significa, para a crítica onettiana, uma (re)inscrição que se torna política e se abre a uma ética da criação. O olhar crítico se torna tátil, toca o texto literário e se deixa tocar por ele. Assim, de Nietzsche a Onetti, de Heidegger a Derrida, Liliana Reales reencontra em cada cruzamento a complexa relação entre ficção e filosofia, entre literatura e ética. Desse modo, A vigília da escrita se torna uma excitante variação na hora de revisar a crítica e a cultura que a gera, e o faz, como afirma Juan Carlos Mondragón, um livro imprescindível.
Peso: | 385 g. |
Páginas: | 292 |
ISBN: | 9788532804563 |
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